E quando as férias terminam?
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9/11/20253 min ler


Eu confesso: sempre pensei que voltar das férias era o regresso triunfante à realidade. No entanto, há algo de desconcertante nisso. No meio de desfazer as malas, arrumar os presentes para a família ou separar roupas, encontramos aquelas conversas que deixámos pendentes ou evitámos durante os dias de sol e nunca foram tão difíceis de gerir.
O que nos dizem os estudos?
Estudos da Universidade de Washington mostraram que os pedidos de divórcio aumentam em Março e Agosto, logo após as férias de inverno e de verão. Estes meses contam com um aumento de 33% em relação aos restantes meses do ano. Por outras palavras, não és a única que, ao regressar do paraíso, sente que algo dentro da relação não sobreviveu à viagem de regresso.
Estranhamente, parece que o casamento é um ritual que se pretende respeitar durante as festividades, só depois é que os sentimentos verdadeiros reaparecem, e aí surgem as decisões difíceis. E não vamos culpar o inverno ou o calor, espera-se que tudo seja perfeito nas férias, mas a realidade acaba por mostrar que o “esforço” feito para que os dias fossem perfeitos termina em frustração.
Segundo o psycologyfor.com em Espanha, nos primeiros meses pós férias de verão, os pedidos de divórcio sobem cerca de 20% e o último trimestre do ano regista até 15% mais separações em comparação com os restantes meses.
Porque é que isto acontece?
– Excesso de tempo juntos: A pressão de estar sempre juntos amplifica tudo, um comentário mal interpretado gera conflito, o silêncio pesa. O stress de manter as aparências, de agradar ou de ficar “na foto perfeita” mexe com o nosso dia a dia e o desconforto instala-se. Não sabemos como agir 24 horas com aquelas pessoas.
– Expectativas irreais: Todos nós sonhamos com as férias perfeitas em família, com ou sem filhos, só a dois fazemos planos e queremos que sejam os melhores dias de sempre. Por vezes basta ouvir uma resposta fora da expectativa, uma birra fora dos planos e já sentimos que tudo falhou, voltamos a reviver momentos do dia a dia em casa.
– Adiar para não estragar momentos em família: É fora de contexto interromper as férias ou o natal com os papéis do divorcio. Vou estragar o natal? E o regresso às aulas? Fica para depois, eu ainda aguento. E assim arrastamos e acumulamos uma série de fatores sem nunca resolver.
Muitas vezes sabemos que não estamos felizes, mas a rotina profissional e pessoal é tão intensa que juras só precisar de uns dias de descanso. O problema começa aí mesmo, quando não estás feliz e crias ilusões sem conversar. O primeiro dia de férias corre bem, o segundo já foge das tuas expectativas, o terceiro é completamente fora do que idealizaste e aqui começam a surgir as dúvidas. Regressas de férias e o silêncio tem mais peso do que toda a bagagem familiar. As dúvidas não se dissolvem e a solução é seguir sozinha.
Mas deixamos algumas dicas:
Conversar antes de ir: Não é preciso ser dramático, basta “abrir o jogo”, comunicar expectativas, dizer o que não gostamos, o que queremos e até dizer o que queremos resolver.
Planeamento pós-férias: Programar um momento a dois, falar sobre o que gostaram e não gostaram do tempo em família, procurar ajuda de um terapeuta ou psicólogo, arrumar as malas em conjunto, seguir na rotina com a mesma proximidade e comunicação
Reduzir expectativas: A ideia de “férias que salvam o casamento” é bonita, mas raramente funciona sem esforço. O melhor é aproveitar e lutar por um final feliz. Aproveitar os dias juntos fora da rotina e criar novos hábitos. Conversar sobre o que cada um quer e voltar a encontrar pontos comuns.
Saber desmontar a confusão emocional: Ter conversas abertas, sem filtros, ajuda mais do que desfazer a mala cheia de saudades.
Quando realmente saímos da nossa zona de conforto e olhamos para nós é que percebemos onde estamos e por vezes para onde queremos ir.
Não tenhas “medo” de “estragar” as férias ou até o regresso, conversa com sinceridade, diz o que gostas, o que não gostas, comunica à tua família o que te deixou incomodada. Acredita que nenhum deles sabe o que pensas e para resolver é preciso falar. Não tenhas receio de dizer que não gostaste da atitude X ou do comentário Y. A comunicação é a peça chave que pode salvar o teu casamento.
“Abre o jogo” e cria expectativas reais e em conjunto.
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