A Mulher que se Perdeu de Si Mesma

Existem fases na vida em que deixamos de ser a prioridade, mas é importante reencontrares-te e nós estamos aqui para te ajudar...

EMPODERAMENTO FEMININO

Rita

6/4/20254 min ler

Ainda te reconheces?

Pode parecer uma pergunta simples, mas muitas mulheres, por vezes não sabem quem são. Não conseguem encontrar satisfação pessoal ou interesses próprios.

Há uma fase na vida de muitas mulheres em que deixamos de ser a prioridade.

Não é intencional, acontece devagar, quase sem dar conta.

É quando começamos a colocar tudo e todos à nossa frente: o/a parceiro/a, os filhos, o trabalho, a casa, a família, as exigências de um mundo que nunca pára.

E nós, mulheres de garra e com vontade de acompanhar o mundo (dos outros), vamos ficando para depois...

Depois de responder a todas as mensagens.

Depois de cumprir todas as tarefas.

Depois de garantir que os outros estão bem.

Depois de ser a mãe perfeita.

Depois de ser a esposa ideal.

Depois de ser colo dos amigos e família.

Mas esse "depois" vai-se tornando em nunca. E um dia, olhamos para nós mesmas e perguntamos:

"Quando foi a última vez que fiz algo só por mim?"

"Será que ainda sei o que me faz feliz?"

É nesse ponto que muitas mulheres começam a comparação com outra. Procuram validação e começam a cobrar tudo o que dão ao mundo e muitas vezes não recebem.

Ora… é aqui que precisamos de ajuda. Ajuda dos nossos, ajuda externa, ajuda interior, precisamos de reagir.

É importante reconhecer para agir e reencontrar.

Talvez estejas a viver esse momento agora.

Quando o espelho já não nos devolve quem éramos...

Aquele instante em que olhas para o espelho e sentes que não sabes quem te está a olhar de volta. Eu já me senti assim, vazia, desconfortável, gorda, feia e sem propósito.

A tua expressão está cansada. O brilho dos olhos apagado.

Vestes o que é prático, não o que gostas.

Tens pressa, tens rotinas, tens pressões — mas já não tens tempo para ti.

A verdade é esta: quando deixamos de nos ver, deixamos de nos reconhecer.

Não se trata apenas de aparência. É presença.

É olhar-te nos olhos e ainda saber quem és — para além dos papéis que desempenhas.

Quando a maternidade anula a mulher

Se és mãe, isto pode ter começado ainda mais cedo.

O corpo deixou de ser só teu. O tempo também.

Os dias passaram a girar em torno das necessidades de alguém que amas profundamente, mas que, sem querer, te consumiu.

E assim nasce uma ideia distorcida:

“Boa mãe é a que se sacrifica.”

Mas não é verdade.

Boa mãe é a que se cuida.

É a que ensina, com o exemplo, que amar o outro não significa anular-se. Os filhos não aprendem através de palavras, seguem exemplos. Se hoje o teu(tua) filho(a) fosse cópia de ti, ficarias orgulhosa?

A maternidade não devia apagar a mulher devia expandi-la.

Mas isso só acontece se houver espaço para ela continuar a existir.

O trabalho também te cobra

No trabalho, a exigência é constante. Produtividade. Disponibilidade. Eficiência.

E mesmo assim, muitas mulheres sentem que precisam de fazer o dobro para serem levadas a sério.

Especialmente depois de serem mães.

Há pouco espaço para pausa. Pouco espaço para falhar. Pouco espaço para dizer: “não estou bem.”

E essa pressão silenciosa vai crescendo… até que a exaustão se torna rotina.

Não é só contigo. Este não é um problema individual — é coletivo e estrutural. O que dizem os números:

  • 57% das mulheres portuguesas relataram sofrer de ansiedade e problemas emocionais, contra apenas 35% dos homens.

  • Entre os 18 e os 34 anos, 70% das mulheres enfrentam questões de saúde mental nos últimos três anos.

(Fonte: Observador, 2024)

Então… o que fazer? Por onde recomeçar?

Ninguém te vai devolver o teu tempo se tu não o reclamares.

E a verdade é: não precisas de te escolher depois de tudo podes começar por ti.

Aqui vão algumas soluções simples, possíveis, e que fazem toda a diferença:

1.Arranja-te primeiro. Depois arranja os outros.

Levanta-te 15 minutos mais cedo.Põe música. Olha-te ao espelho. Passa um creme. Escolhe uma roupa de que gostes.Faz isso antes de vestir o teu filho, antes de responder ao mundo.

Porque tu também mereces cuidado.

2.Reserva algum tempo por semana só para ti

Não consegues 3 horas? Tira 1. Não consegues 1h? Tira 15 minutos. Sem filhos. Sem trabalho. Sem culpa. Só tu.

  • Um passeio à beira-mar.

  • Um café sozinha.

  • Uma ida ao ginásio.

  • Um banho demorado e em silêncio.

Não é fuga. É reencontro.

3. Marca-te na tua agenda

Trata o teu tempo como tratas um compromisso com alguém importante.

Porque és.

Bloqueia a hora. Protege-a. Cumpre.

Se não te pões em primeiro lugar, quem o fará?

4. Pede ajuda. Fala. Partilha.

Falar não é fraqueza. É saúde mental.

Conversa com uma amiga. Procura uma terapeuta.

Desabafa sem vergonha. Sê cuidada também.

Agarra as rédeas da tua vida

Tu não estás perdida.

Só te esqueceste de ti por um tempo.

Agora é hora de voltares.

Voltar aos teus olhos, à tua pele, aos teus desejos, ao teu prazer pessoal.

Voltar aos teus gostos, à tua calma, à tua vontade de estar contigo.

Porque sim… és mulher, és capaz de tudo.

Mas não tens de ser tudo ao mesmo tempo.

Cuida de ti com a mesma dedicação com que cuidas dos outros.

Porque quando tu estás bem, tudo à tua volta começa a ficar bem também.