A influência das redes sociais na autoestima feminina
E eu própria já senti aquele abanão na autoestima quando...
Rita
9/17/20253 min ler


Este é dos temas mais polémicos entre amigas, o que podemos publicar, o que deve ser nosso, como publicar, o que fazer…
Quem é que já perdeu horas a olhar para as suas próprias fotografias antes de publicar? Já tirei mais de cem selfies para depois escolher uma e mesmo assim, depois de publicada, fiquei a pensar se devia apagar porque não tinha aquele ar de “naturalmente perfeita”. Já me comparei com influencers de “vidas perfeitas” e já senti que a minha vida, o meu corpo e até o meu sofá não estavam à altura.
Achavas que era só contigo? Nem pensar, estamos todas no mesmo barco. Passamos todas pelas mesmas inseguranças, estamos juntas neste barco de wi-fi ilimitado.
As redes sociais são um palco cheio de glamour onde tudo parece brilhar. A pele sem poros, o corpo sem marcas, a casa sem uma única almofada fora do sofá. Eu sei, tu sabes, toda a gente sabe que aquilo é uma encenação mas a verdade é que, quando estamos a fazer scroll, o cérebro não quer saber. A comparação instala-se, e de repente já estamos a pensar que devíamos ser mais, fazer mais, parecer mais.
E é aqui que a autoestima começa a tremer. Como é que o meu corpo real, com celulite, estrias e dias de inchaço, vai competir com um feed de corpos que parecem moldados em laboratório?
Não competes. Mas a verdade é que eu já me senti insuficiente só por não estar “à altura” de algo que nem sequer existe fora do ecrã. Somos todas iguais, a influencer também deixa a loiça suja no lavatório, também tem dias em que se sente inchada, “fraca”, deprimida e imagina os filhos delas também fazem birras.
Mesmo com a consciência de que somos todas iguais, eu já usei filtros que me transformavam numa versão surreal de mim própria e pensei: “Por que raio não posso ser sempre assim?” O problema é que, quanto mais perfeita parece a versão online, mais difícil se torna olhar para a versão real sem julgamento. Já me aconteceu tirar uma foto e pensar: “Se não colocar um filtro, não vale a pena partilhar”. Ridículo não é?
E não sou só eu. Conheço mulheres que já pensaram em fazer procedimentos estéticos porque queriam ter a pele da influencer X. Já vi amigas apagarem fotografias porque “só tiveram 30 likes”. E eu própria já senti aquele abanão na autoestima quando a foto que adorei não teve a validação digital que eu esperava. É quase infantil, mas é poderoso. O algoritmo manda, e nós obedecemos.
Mas calma. A verdade é que existem formas de sobreviver ao circo digital sem deixar que ele acabe com a nossa autoestima. Por exemplo, eu comecei a fazer uma espécie de “limpeza de feed”: deixei de seguir contas que me faziam sentir uma versão barata de mim mesma. Parece um detalhe, mas fez diferença. Posso gostar muito daquela atriz ou modelo mas a vida imaculada que partilha deixava-me ansiosa e coloquei um ponto final. Gosto do trabalho dela mas gosto mais de mim.
Aprendi também a rir dos filtros, uso quando quero brincar mas já não sou refém deles para partilhar. Se edito as fotografias? Sim, altero a cor, mudo a temperatura, realço o que é importante mas não altero nem apago aquela borbulha, aquelas rugas ou até a celulite que aparece no canto da perna.
Aprende a fazer de polícia da tua vida, se aquelas horas que perdes nas redes sociais te causam sentimentos como ansiedade, perturbação do sono, irritabilidade, etc. DESLIGA! Vai ao espelho e gosta-te, coloca um like em ti e sê feliz na verdadeira realidade que construíste.
E talvez a maior lição seja esta: a autoestima não se constrói no número de likes, mas no silêncio do espelho. E sim, eu sei que é muito mais fácil falar do que sentir, mas também sei que a autenticidade, mesmo com imperfeições, brilha mais do que qualquer filtro.
Da próxima vez que te apanhares a comparar-te a alguém no Instagram, lembra-te: aquela foto pode ter custado 200 tentativas, meia hora de edição e um filtro milagroso. Já a tua vida? Essa não precisa de aprovação do algoritmo.
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